HOJE,


O LUTO. Hoje em dia, graças à cultura do bem viver, do bem-estar e da alegria, o luto é vivenciado de outra maneira. Não existem regras e manuais.
Batizados, aniversários, formaturas, casamentos, bodas. Reconheço a importância dos rituais. Eles marcam passagens significativas de nossas vidas.
E não seria diferente no momento que alguém, muito importante para nós, morre. Precisamos cumprir o ritual da despedida de um ente querido, ir ao velório, à missa. É fundamental, na minha opinião, para ajudar a assimilar o que se passou. Antigamente, na Idade Média, a morte era vista como um castigo, algo obscuro e profundamente doloroso, em função das torturas existentes e das doenças que assombravam o período. A felicidade, por mais incrível que possa parecer, não era manifestação “bem vista”. Então, para exaltar a sua dor, as pessoas deveriam abdicar de tudo que lhes proporcionasse prazer e alegria. Daí, nada melhor que usar roupas pretas para simbolizar tudo isso que as pessoas consideravam ruim.
Até pouco tempo existia um “código do luto”. As pessoas deveriam usar roupas negras e não freqüentar eventos sociais. Quem perdesse o cônjuge deveria ficar de luto por dois anos. Os pais, um ano, e os irmãos, os tios e os avós, seis meses.
Novos tempos, novos hábitos. Hoje em dia, graças à cultura do bem viver, do bem-estar e da alegria, o luto é vivenciado de outra maneira. Não existem regras e manuais. O preto foi abolido assim como a clausura. Hoje não é preciso andar por aí “arrastando correntes” para demonstrar tristeza. Temos todo o direito de sofrer, mas, cada um à sua maneira, sem patrulhamento.
Vivenciar o luto é aceitar o real e continuar, viver apesar de tudo. Voltar à rotina é uma atitude saudável.
Perder alguém que amamos é difícil. Mas Rubem Alves já dizia:
“Amar é ter um pássaro pousado no dedo. Quem tem um pássaro pousado no dedo sabe que, a qualquer momento, ele pode voar”. (Luciana Almeida, Etiqueta in REVISTA AG, 21 de agosto de 2011, p. 41).

O luto faz parte da nossa vida, de pessoas humanas que somos. O luto é porque perdemos “algo” que tinha uma importância para nós. O luto é um estado de sentimento triste porque perdemos “algo” fundamental e por isso precisamos de um “tempo” para nos adaptarmos ao novo estágio de vida.
Na nossa vida, ganhamos muito, muita “coisa”. Há muitos ganhos. Há muitas perdas. Prestamos mais atenção às nossas perdas.
Para cada perda necessitamos reunir forças para sairmos vitoriosos da situação. Às vezes, precisamos do apoio e da ajuda das pessoas próximas, aquelas que nos são bem vistas.
A nossa primeira perda é a do aconchego do útero materno. Quando saímos daí, saímos forçados. Não queríamos. Por isso, o choro, o grito, a dor e a tristeza. No nascimento já começamos a sofrer (tristeza porque perdemos “aquilo” que era bom). No decorrer da vida, são muitas as perdas. Tem o “tempo”, também. Perder “tempo” mexe muito com a gente. Precisamos do “tempo”. Sem o “tempo”, tudo ficaria sacrificado. Precisamos de “tempo” para nos refazermos. “O tempo cura as feridas”. Muitas são as perdas. A última perda se dá com a morte. É uma perda definitiva. Não há volta. Esta perda suplanta todas as perdas. É a maior de todas. Não estamos preparados. Não aceitamos. Não queremos. O luto depois disso é o “tempo” necessário para darmos a volta por cima de tudo e prosseguirmos em frente. A vida não pode ser interrompida. A vida segue o seu percurso natural. O fim do luto, onde não existe luto, é o céu. Diz o Catecismo da Igreja Católica, citando o Apocalipse, em «a Jerusalém celeste, Deus terá a sua morada entre os homens. “Enxugará toda lágrima de seus olhos, pois nunca mais haverá morte, nem luto, nem clamor, e nem dor haverá mais.”». (Catecismo da Igreja Católica, Editora Vozes, São Paulo, 1993, n. 1044, p. 251).
Confortar, consolar a quem está enlutado é um ato da caridade cristã. É a solidariedade que vai estimular a pessoa a se recompor, a ter fé, a ter esperança. Ninguém pode ficar sem a esperança. É ela que nos dá a força para prosseguirmos a jornada da vida. Amanhã será melhor.

A Padroeira de Crato, Ceará.

A Padroeira de Crato, Ceará.
Nossa Senhora da Penha.

Nossa Senhora Mãe do Belo Amor.